Em um dia não tão frio em Frankfurt, há mais de duas décadas, vivi uma experiência que mudou profundamente minha perspectiva sobre beleza. Naquele dia, em meu estúdio acolhedor, recebi uma cliente muçulmana, cujo lenço cobria todo o cabelo, acompanhada por sua cunhada.
Mal sabia eu que essa sessão de fotos se transformaria em uma jornada de autodescoberta e apreciação da verdadeira essência da beleza.
Quando as duas mulheres se sentiram seguras o suficiente para retirar seus lenços, fui surpreendida quando vi os cabelos longos e lindos, imediatamente quis usar ventilador no ensaio!
Entretanto, ao olhar para a primeira mulher, me deparei com um dilema interno. Ela tinha características que, segundo os padrões convencionais de beleza, poderiam ser consideradas desafiadoras, como um nariz exageradamente grande.
Mas foi nesse momento que comecei a desconstruir o conceito tradicional de beleza.
Enquanto iniciava os cliques, testemunhei algo extraordinário.
Uma energia interior começou a emanar daquela mulher, transformando-a diante dos meus olhos em uma das mulheres mais lindas que já tive o prazer de fotografar.Ela se movia e mostrava olhares de poder e segurança como não havia presenciado ainda.
Foi um momento de epifania, onde percebi que a verdadeira beleza não reside nas características físicas, mas sim na autenticidade e na energia interior de cada indivíduo.
Essa experiência foi uma virada de chave em minha carreira como fotógrafa. Tornei-me mais do que apenas uma capturadora de imagens; tornei-me uma retratista que busca encontrar poesia em cada mulher que fotografo, celebrando a beleza única e multifacetada de cada uma.
Essa lição não só transformou minha abordagem na fotografia, mas também impactou profundamente minha visão de mundo e meu entendimento sobre o verdadeiro significado da beleza.
Que essa história sirva como um lembrete de que a beleza está em toda parte, esperando para ser descoberta por aqueles que têm a sensibilidade de enxergar além das aparências externas.
